sexta-feira, 30 de julho de 2010

A História de Eneas

Numa época em que começam a despontar e a organizar-se os movimentos de luta pela independência da Irlanda, Eneas faz a escolha inocente, mas inoportuna de ingressar na marinha mercante Britânica. No seu regresso a Sligo apercebe-se das alterações vividas na cidade e nos que o rodeiam e após um ano de procura infrutífera de trabalho vê-se forçado a entrar para a polícia Real Britânica. Este é o despoletar de uma vida de proscrição e de solidão. Ao longo do livro vamos acompanhando as divagações do protagonistas, tanto geográficas quanto interiores, e deparamo-nos com um homem cuja incompreensão e alheamento do mundo o tornam um apátrida. Com passagem por grande parte do século XX ,temos um retrato na primeira pessoa do desembarque na Normandia e da chacina vivida em Dunquerque. Acompanhamos ainda o início do fim do imperialismo britânico também em África, onde Eneas irá, finalmente, encontrar o seu amigo Harcourt, outro proscrito, neste caso por razões de saúde.

Sebastian Barry é poeta e romancista e o autor do romance Escritos Secretos, finalista do Man Booker Prize, e ao qual há uma ligação em A História de Eneas por intermédio de uma personagem comum aos dois livros. A sua qualidade de poeta está bem patente no tipo de escrita que encontramos aqui de uma limpidez e melancolia excepcionais.


Regina

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