sexta-feira, 29 de julho de 2011

O Estranho Desaparecimento de Esme Lennox

Iris recebe uma estranha chamada de um hospital psiquiátrico a informá-la que, uma vez que o hospital vai fechar, terá de arranjar uma solução para a sua tia-avó, Esme, que ali está internada há cerca de 60 anos. Mas Iris não fazia ideia de que essa tia-avó existia, pois a sua avó sempre lhe disse que era filha única. Esta revelação é apenas o início de uma série de descobertas trágicas sobre a história da sua família e de si mesma. Uma história emocionante, intensa e viciante, narrada de forma inteligente e cativante, que vai sendo desvendada a pouco e pouco, através de elementos que aguçam a curiosidade do leitor, mas que são complementados umas páginas adiante. Um dos livros que mais me prendeu à leitura nos últimos tempos.

Patrícia

quinta-feira, 28 de julho de 2011

A Empresa Social

Muhammad Yunus (Bangladesh), vencedor do Prémio Nobel da Paz em 2006, pela criação do microcrédito, fala-nos neste livro do seu conceito de Empresa Social e também, obrigatoriamente, na economia social, utilizando como exemplos as empresas sociais que criou, sendo algumas a partir de parcerias desenvolvidas com grandes empresas, de renome internacional (Danone, Adidas, entre outras).

A diferença fundamental entre a empresa convencional e a empresa social prende-se com os seus objectivos: enquanto a empresa convencional, capitalista, pretende maximizar os seus custos, com vista a um maior benefício dos seus sócios, a empresa social estabelece como objectivo erradicar ou minimizar um problema social, utilizando os lucros para expandir a empresa, alargando assim os beneficiários da sua intervenção, ou para outros fins sociais, nunca revertendo a favor dos sócios. Os exemplos que Yunus nos apresenta dão-nos uma esperança reconfortante de que as assimetrias da nossa sociedade podem, um dia, ser menores, permitindo às classes mais pobres obter mais dignidade e mais qualidade de vida, e mostra-nos como a empresa social é uma via fundamental para atingir essa meta.

Patrícia

terça-feira, 26 de julho de 2011

Man Booker Prize 2011

Já foram divulgados os 13 nomes incluídos na longlist. A shortlist será revelada a 6 de Setembro e o vencedor, a 18 de Outubro.
Julian Barnes - The Sense of an Ending
(Publicado em português: O Papagaio de Flaubert, Nada a Temer)

Sebastian Barry - On Canaan's Side
(Publicado em português: Escritos Secretos, A História de Eneas)

Carol Birch - Jamrach's Menagerie

Patrick deWitt - The Sisters Brothers

Esi Edugyan - Half Blood Blues

Yvette Edwards - A Cupboard Full of Coats

Alan Hollinghurst - The Stranger's Child
(Publicado em português: A Linha da Beleza, A Biblioteca da Piscina)

Stephen Kelman - Pigeon English

Patrick McGuinness - The Last Hundred Days

AD Miller - Snowdrops

Alison Pick - Far to Go

Jane Rogers - The Testament of Jessie Lamb
(Publicado em português: O Regresso)

DJ Taylor - Derby Day

Sugestão de Leitura

" A grande literatura 
das terras frias do Norte".
Luis Sepúlveda
"Gudlaugur, o velho porteiro de um dos mais famosos hotéis de Reiquiavique, é encontrado seminu e apunhalado no seu miserável quarto na cave do hotel. Mas Gudlaugur é muito mais do que um simples porteiro que também se disfarça de Pai Natal para as festas das crianças - ele é um completo mistério. Ao fim de vinte anos a trabalhar no hotel, ninguém parece conhecê-lo verdadeiramente. À medida que a investigação prossegue, uma teia de más intenções, avidez e corrupção começa a emergir. Toda a gente - entre funcionários e hóspedes - tem algo a esconder. Mas o segredo mais chocante reside no passado da vítima, no qual o inspector Erlendur tem de mergulhar para encontrar o assassino.
Um romance tenso, com uma atmosfera perturbante, pela mão de um dos melhores escritores de policiais da Europa".

A Voz
Arnaldur Indridason
Porto Editora

Disponível na K

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Novidades


O Lanche do Senhor Verde
Javier Sáez Castán

Orfeu Mini





A Serpente de Pedra
Jason Goodwin

Porto Editora






O Estranho Desaparecimento de Esme Lennox
Maggie O'Farrell

Presença






Liberdade - Contos que celebram a Declaração Universal dos Direitos Humanos
Vários Autores

Presença

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Lotaria

Perry L. Crandall tem um QI de 76. Não é atrasado: é lento, ou seja, chega tão longe quanto as outras pessoas, mas demora mais tempo. Foi criado pela avó, tendo uma família com valores questionáveis, na qual talvez não deva confiar. Quando um dia ganha uma elevada quantia na lotaria e não tem a avó por perto para o aconselhar, tem de aprender a gerir o dinheiro, as emoções e as suas relações pessoais. Em quem pode realmente confiar? Felizmente que a avó lhe deixou várias recomendações que pode seguir, com total confiança. Mas essas recomendações não são sempre aplicáveis em todas as situações...
Com algum sentido de humor, Perry conta-nos como conseguiu ser independente e aprender a confiar na sua intuição e nos seus julgamentos. Uma leitura acessível, ideal para as férias, mas que nos faz repensar certos preconceitos e ver certas coisas de outro prisma.

Patrícia

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Transgressão

Na região de Cévennes no sul de França existe uma casa antiga, o Mas Lunel,  que será o centro da intriga deste livro que foi finalista do Man Booker Prize de 2010. Rose Tremain vai-nos guiando nesta região,  que todos consideramos bela e fascinante, por intermédio de uma escrita muito simples e elegante mas também muito descritiva, através de um território que começa por ser um local de sonho mas vamos descobrindo nas suas facetas mais duras e cruéis: o calor extremo, os incêndios, o isolamento e o desenraízamento das suas populações.
Aqui todos procuram o amor e também o seu lugar no mundo, sendo que esta busca por uma identidade percorre todos os personagens. Os habitantes locais vão sendo "desalojados" pelos estrangeiros ricos à procura de uma casa de férias, os estrangeiros residentes sentem aquela terra como uma mãe adoptiva que a qualquer momento os poderá repelir. Neste cenário idílico e opressivo em simultâneo,  a ligação à terra de uns e a ânsia de encontrar o seu canto de outros , a tragédia espreita e surge quando e de onde menos se espera.
Regina

segunda-feira, 18 de julho de 2011

O Parente Mais Próximo

John Boyne é o autor do fantástico livro juvenil O Rapaz do Pijama às Riscas, livro de uma delicadeza e sensibilidade extremas e que recebeu, merecidamente, vários prémios internacionais. O parente mais próximo é o seu mais recente romance editado em boa hora entre nós pela Ulisseia.
A família Montignac, uma família Inglesa rica e poderosa, vive,  nos anos que medeiam a primeira e a segunda guerra mundial, uma série de perdas que se iniciam com a morte do filho mais velho na guerra e culminam na morte súbita do patriarca Peter. Este acontecimento irá evidenciar um mal-estar entre os sobreviventes da família que a leitura do testamento irá agudizar.
Numa trama que pode ter como primeira leitura a de uma história policial, somos envolvidos naquilo que é  uma história romântica, uma crítica social,  mas que é acima de tudo um tratado sobre até onde chegam os nossos limites e a nossa consciência quando o que está em questão são as nossas ambições e em última análise as nossas vidas.
Lê-se de um fôlego.
Regina

sexta-feira, 15 de julho de 2011

O Apogeu de Miss Jean Brodie

Ninguém ficou imune ao apogeu de Miss Jean Brodie, nem no livro nem aquando da sua leitura. O grupo Brodie é composto por 5 raparigas, em tudo distintas umas das outras, que tem como ligação a escolha que a professora fez ao decidir que estas eram as que mostravam o melhor potencial. E a influência de Miss Brodie faz-se sentir de imediato no comportamento destas alunas dentro e fora da escola. O seu trabalho não se cinge a contar-lhes as histórias da sua vida, elas são depositárias das suas esperanças, dos seus sonhos e também das suas manipulações. Mas chegadas as relações a determinados pontos podemos questionar quem domina e influencia quem.
Numa escrita repleta de ironia, frases com significados escondidos, indícios que umas vezes se confirmam e outras não, a protagonista é tudo menos uma heroína e aquilo que à priori nos parecia ser não é. O que se mantém ao longo deste que tem sido considerado o melhor livro de Muriel Spark, é uma sensação de opressão, de incompreensão entre personagens, muitas vezes provocada por códigos de etiqueta e educação obsoletos, e a pergunta "afinal o que foi o apogeu de Miss Brodie?"
Regina

quinta-feira, 14 de julho de 2011

O Nariz

Como pode um nariz ser tema para um livro? Nikolai Gógol, ele próprio possuidor de um nariz de dimensões titânicas, faz o relato da busca que Kovaliov teve de realizar quando um dia ao acordar, e para confirmar a presença de uma borbulha que tinha surgido na véspera, descobre que o seu nariz desapareceu deixando um rosto perfeitamente cicatrizado mas impossível de apresentar em sociedade.
Num pequeno conto que a par com as situações nonsense e surreais nos dá a conhecer as peculiaridades da sociedade de São Petersburgo,  Gógol, que se crê fosse hipocondríaco, tece em simultâneo um hino e um tratado humorístico ao nariz.
Regina

quarta-feira, 13 de julho de 2011

O seu lado clandestino

Che é um rapazinho de quase oito anos que foi criado pela avó, em Nova Iorque. Sobre os seus pais - activistas radicais, estudantes de Harvard,  - sabe aquilo que lhe contaram. Até que, um dia, a sua mãe vai buscá-lo e (espera ele) irá levá-lo a ver o pai. É o dia que Che mais aguardara. Contudo, as coisas não correm como ele sonhara e passa a viver na clandestinidade, começando a descobrir que não pode confiar em toda a gente e que nem tudo o que parece é, especialmente num mundo que não é o seu.
Por meio de uma escrita não linear em termos cronológicos, Peter Carey (vencedor por duas vezes do Booker Prize) situa-nos na América dos anos 60 e 70, mas essencialmente consegue transmitir sentimentos e sensações intensas, embrenhando também o leitor nesta fuga até chegar à selva tropical australiana, sempre receando que o desfecho seja trágico. O protagonista é um personagem adorável e extremamente bem conseguido, que nos cativa e que queremos ansiosamente ver estabilizado e em segurança.

Patrícia

terça-feira, 12 de julho de 2011

O Último Homem na Torre

No segundo romance de Aravind Adiga lemos a história de um grupo de pessoas, habitantes de um edifício pertença de uma cooperativa,  a quem é feita uma proposta irrecusável para abandonarem o prédio. Nesta pequena e aparentemente unida comunidade começam então a surgir os problemas quando alguns elementos decidem recusar a oferta do construtor Dharmen Shah.
O autor fala-nos de uma Bombaim em crescimento descontrolado, em que as disparidades económicas e sociais são imensas e numa sociedade que à conta de uma possibilidade de subir na vida se deixa dominar pela ganância e permite que os fins justifiquem todos os tipos de meios. Um mosaico de personagens que mostram o que de melhor e de pior existe em cada um de nós e que acabam por nos interpelar acerca da importância que algumas situações têm nas nossas vidas.
Numa escrita fluída e objectiva, as ideias que atravessam este livro não deixam por isso de ser de grande importância e complexidade. 

Regina

sábado, 9 de julho de 2011

Sugestões de Leitura para o Verão






O Céu Existe Mesmo, Todd Burpo e Lynn Vincent - Lua de Papel - 14,90€





Onde Moram as Sombras, Michael Ridpath - Editorial Presença - 18,90€




Uma Mulher Diferente, Penny Vincenzi - Porto Editora - 17,60€

quarta-feira, 6 de julho de 2011

FLIP


É hoje que tem início a FLIP (Festa Literária Internacional de Paraty) na sua nona edição.
Aqui poderá ficar a saber tudo o que se vai passar.

terça-feira, 5 de julho de 2011

No Meu Peito Não Cabem Pássaros

O romance de estreia de Nuno Camarneiro relata em alternância três histórias de três homens muito diferentes e no entanto tão semelhantes nas suas buscas, nas suas solidões e nas suas dúvidas.
O tempo do livro é o da passagem do cometa Halley pela Terra no ano de 1910, fenómeno assustador, numa época de grandes mudanças mundiais.
A escrita é de um grande lirismo e rigor. As questões que fazem o íntimo dos personagens transmitem uma melancolia, um desespero, uma angústia que estão expressos na perfeição nas frases maioritariamente curtas e intensas empregues.
Regin
a

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Ada ou Ardor

Num registo que passa frequentemente pelo fantástico, Vladimir Nabokov traz-nos a história de Ada e Van num amor incestuoso, num território que é às vezes a Rússia, às vezes a América, que passa pela Europa e que se desenrola num período de quase um século.
Livro de leitura complexa e multifacetado que nos fala de um tempo que acabou e que é também muitas vezes imaginado e imaginário. Ada ou Ardor é repleto de referências literárias, filosóficas e históricas o que permite a compreensão apenas para aqueles cuja bagagem nestas áreas seja grande. É também uma obra em que a miscelânea de línguas usadas retrata a realidade de uma sociedade que era multicultural e viajada.
Compreende-se que seja o livro pelo qual o autor queria ser lembrado após a sua morte: há um extremo domínio da escrita, do pensamento racional e uma compreensão da vida que implicam grandes vivências.
Regina

sábado, 2 de julho de 2011

Top 2º trimestre - Abril a Junho

Há algum tempo que não apresentávamos o nosso top de vendas... Desta vez decidimos fazê-lo relativamente aos últimos 3 meses:

Romance Estrangeiro




































Infanto-Juvenil

































(Embora este seja um livro

para todas as idades...)




Diversos
























sexta-feira, 1 de julho de 2011

O pintor debaixo do lava-loiças

Sors é um pintor eslovaco que nasceu no final do século XIX, no império Austro-Húngaro. É uma personagem criada a partir de uma pessoa real, cuja história de vida inspirou Afonso Cruz a escrever este romance. Desde criança que Sors gostava de desenhar - particularmente olhos abertos e olhos fechados. Achava que se vivesse sem distracções que pudessem causar a sua dispersão, podia ir mais longe na vida, aperfeiçoar-se (assim como aconteceria com as árvores: se não cortássemos os seus ramos, cresceriam muito mais, mas na vertical). Obviamente que as distracções vão surgindo e esta estranha, contudo interessante e filosófica personagem terá que lidar com elas da melhor forma.
Uma história de encontros, desencontros, fugas, remorsos, pequenas e grandes tragédias, mas sempre com o culto da palavra bem presente, como o autor nos tem habituado. Rico em jogos de palavras, recursos estilísticos, proporcionando-nos diversos momentos de reflexão, este romance lembra em muitos aspectos A Boneca de Kokoschka, embora seja distinto em tantos outros, prendendo o leitor, que mal se apercebe que chegou à última página.

Patrícia