quinta-feira, 4 de março de 2010

Correntes D'escritas 3

O serão da sexta-feira foi preenchido pela entrega dos prémios Ler/Booktailors com apresentadores muito descontraídos e divertidos. Foi a noite da passadeira vermelha, o que deu azo a algumas brincadeiras. Os vencedores estão disponíveis aqui.
No sábado realizaram-se mais duas mesas de debate a primeira com o lema " Duvido portanto penso " sobre a qual já escrevi aqui no próprio dia e a 9ª mesa, que foi a última, subordinada ao tema "Cada palavra é um pedaço de universo". A propósito deste tema devo referir que alguns momentos antes do início do debate abordei o valter hugo mãe e quando estava à conversa com ele passou um senhor que lhe perguntou o porquê de só usar minúsculas nos seus livros ao que o autor respondeu que " todas as palavras têm a mesma importância" - bem visto. Mas voltemos à mesa de debate que era composta por Mário Zambujal, Milton Fornaro, Onésimo Teotónio de Almeida, Ricardo Menéndez Salmón e Rui Zink, a moderação ficou a cargo da jornalista Maria Flor Pedroso.
O primeiro a tomar a palavra foi o Mário Zambujal e quase poderíamos, como ele de forma divertida sugeriu, dispensar os restantes participantes pois teríamos conversa para anos. Entre muitas histórias e gargalhadas ficou a ideia de que tudo no universo tem uma palavra para ser designado e que no entanto nós temos muitas vezes preguiça de procurar a palavra certa e usamos a palavra "coisa". Devo dizer que esta foi uma mesa muito bíblica pois tanto Milton Fornaro quanto Rui Zink nos falaram do livro do Génesis. De formas diametralmente opostas, claro. Enquanto o primeiro nos relembrava que no começo era a palavra o Rui Zink veio afirmar que no início não era a palavra mas sim o berro, fazendo a analogia do início da Humanidade com o começo de uma vida e que o Homem percebeu que para conseguir atingir os seus objectivos berrar não bastava tinha de usar a palavra e desenvolver a diversidade de palavras. O escritor Espanhol Ricardo Menéndez Salmón falou de uma "palavra que mata todas as palavras", falou da palavra " nada " e de tudo o que ela representa. Por fim Onésimo Teotónio de Almeida falou das palavras e dos "pedacinhos e ossinhos de palavras" e da falta de importância de algumas dessas palavras.
Como seria de prever tendo em conta a constituição da mesa, este foi um debate final repleto de humor e de histórias.

Regina

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